Platão, nossa história.
A história está no livro, “O banquete” de Platão, por volta 380 a.C, conta-nos o filósofo grego que em tempos remotos, existiam seres chamados andróginos, formado pela união do homem com a mulher. Os andróginos tinham duas caras, uma olhando em cada direção, podiam caminhar para frente e todos os lados, e um duplo corpo, eram fortíssimos, e tinham tal ânsia de poder que tentaram conquistar o Olimpo, a morada dos deuses.
Para anular essa tentativa, Zeus cortou em dois os andróginos. Desde então, as duas metades procuram-se, sonhando através da união, recuperar algo da antiga força. Fortes os andróginos eram, mas, será que era fácil a vida deles? Vejam, tinham duas faces, olhando em direção opostas. Isso significa que nunca poderiam ver juntos um programa de tevê, por exemplo.
Claro, nada impediria que possuíssem dois televisores, mais e se cada um deles quisesse ver um programa diferente? Só com fones de ouvidos? E na hora de ir ao banheiro? Fazer xixi de pé ou xixi sentado? E na hora dos programas? Futebol ou chá com as amigas? Pensando bem, Zeus talvez, até sem querer, acabou fazendo um favor para a espécie humana.
Tirou a força descomunal dos andróginos, certo, mas seria preciso de tanta força? Será que não nos basta a força suficiente para elaborar as tarefas do dia a dia, para trabalhar, para cuidar de nossas coisas, para levar nossos filhos nos braços? E o Olimpo? Quem é que precisa do Olimpo? Aquilo convenhamos, é um empreendimentos fracassado, um condomínio abandonado. Talvez esteja no mesmo lugar, mais pelo jeito ninguém mora lá, deuses alguns, atreveriam morar lá.
Nossas casas, nossos apartamentos, por modestos que sejam, existem, e dão de dez a zero em qualquer imaginário Olimpo. Mas o melhor resultado é a irresistível atração entre os sexo. Uma atração que podemos chamar de amor, ou paixão, não importa. O certo é que uma nova energia foi gerada, e ela já não é mais usada para a conquista dos redutos das divindades; agora serve para aproximar homens e mulheres, que desta maneira descobrem o outro e, igualmente importante, descobrem a si mesmo no outro.
Nascem daí canções, e romances, e poemas; e muito importante, nascem os filhos, que um dia também procurarão suas caras metades. Conclusão: se Zeus aparecesse agora oferecendo-se para fazer um recall da espécie humana e nos devolver ao mundo sob a forma original de andróginos, deveríamos recusar de forma taxativa: “Não Zeus, estamos muito melhor assim, preferimos casar um com sua cara metade e olhando na direção que melhor lhe convém. Preferimos as nossas individualidades, a afirmação de nossas identidades pessoais.
Preferimos procurar um ao outro mesmo que esta busca tarde uma vida inteira, e que seja acompanhada de enganos, de decepções, de frustrações”. Sim, Zeus fez bem separando os seres humanos, separando os sexos. É claro, ele não pensou nas desigualdades que isso eventualmente poderia acarretar, sobretudo em relação à traição ou a desilusões. Mais mesmo assim, podemos ser mais felizes da forma como gostamos, pois nem um nem outro, teriam os mesmos gostos ou desejos.
Um comentário:
Parabéns, eu sempre leio suas matérias..
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