31 de jan. de 2010

Fazer Amor. CDPM

Fazer amor é pisar na eternidade, fazer amor é fazer coisa séria demais, não basta um corpo e outro corpo, misturados em um desejo insosso desses que dão feito fome trivial, nascida da gula descuidada, aplacada sem zelo, sem compostura, sem respeito, atendendo exclusivamente a voracidade do apetite.
Fazer amor é percorrer as trilhas da alma, desvendando véus, descobrindo profundezas, penetrando nos escondidos, sem presa com delicadeza, porque alma tem tessitura de cristal, deve ser tocada nas levezas, apalpadas com amaciamentos, até que o corpo descubra cada uma de suas funções.
Quando a descoberta acontece é que o ato de amor começa, as mãos deslizam sobre as curvas, como se tocando nuvens, a boca vai acordando e retirando gostos, provando os sabores, bebendo as seivas que jorra das nascentes escorrendo em dons, é o côncavo e o convexo em amorosa conjunção.
Fazer amor é ressurreição, é nascer de novo, no abraço que aperta sem sufocamentos, no beijo que cala a sede gritante, na escada dos degraus celestial que levam ao gozo, vale chorar, vale gemer, vale gritar, porque ai já se chegou ao paraíso e qualquer som há de sair melódico e afinado, seja grave, agudo, pianinho, há de ser sempre o acorde faltante, quando amantes iniciam o milagre dos encontros.
Os corpos se ajustaram, almas matizaram, fez –se o êxtase, é o instante da paz, é a escritura da serenidade, é os amantes em assunção pisam eternidades.

23 de jan. de 2010

"Sabedoria do Sábios"

Ulisses demorou 10 anos para chegar a Ítaca depois do fim da Guerra de Troia. Imagine a situação: o sujeito deixa a mulher e o filho pequeno em casa, passa 10 anos em uma guerra dilacerante e quando tudo parece pronto para o seu retorno triunfante ao lar as coisas começam a dar errado, mais muito errado mesmo, e ele fica tropicando em obstáculos monstruosos, literalmente monstruosos, um atrás do outro, por mais 10 anos.

Reencontrei a história de Ulisses nos meus livros, o que me fez pensar que o medo de não conseguir voltar para casa, por qualquer motivo, sempre embarca conosco quando partimos para muito longe da nossa base. Pode ser uma preocupação quase imperceptível diante da excitação com as novas paisagens e a folga da rotina, mas se você remexer na bagagem talvez encontre esse medo disfarçado de outras formas: o nervosismo na viagem de avião, a ansiedade na hora de alfândega, a mania de checar 10 vezes se tudo está realmente ok.

Ulisses demorou 10 anos para voltar para casa, e eu demorei mais de 30 para encontrar esse livro que reunisse os principais mitos gregos narrados exatamente como eu gostaria de tê-los lido aos 12, quando, depois de sucumbir a um transe místico lendo Os Doze Trabalhos de Hércules, De Monteiro Lobato, descobri que o pessoal no Olimpo fazia coisas que os personagens das novelas na época da minha infância nunca fazia, (pelo menos, não, em frente as câmaras). Não por acaso, A Sabedoria dos Mitos Gregos de Luc Ferry, o livro qye me acompanhou pelos dias atuais. O filósofo Frances, que já esteve em Porto Alegre dentro do ciclo de debates Fronteiras do Pensamento, narra as histórias de personagens como Ulisses, Hércules, Jasão, Édipo e os deuses olímpicos da maneira mais simples e viva possível, com o objetivo não apenas de atrair os jovens leitores, mas também de motivar os pais, nem sempre muito treinados na arte de contar histórias, a conduzir seus filhos para dentro desse mundo de fascínio inesgotável.

Ferry defende a tese de que a filosofia grega nada mais é do que uma espécie de desdobramento laico das questões que já aparecem na mitologia: de onde viemos, para onde vamos e como fazemos para viver nossa vidinha curta e imperfeita da melhor forma possível. Por trás de cada façanha épica, de cada dilema, castigos ou traição, defende o filósofo, há uma intuição sobre a existência humana que a filosofia se encarregará de desvendar mais tarde, e também por esse motivo essas histórias nunca deixaram de fazer sentido para nós.

Além de monstros, deuses raivosos e feiticeiras envolventes, Ulisses teve que enfrentar tentações como a de tornar-se imortal ou de simplesmente esquecer tudo que amava antes da guerra, a mulher, o filho e a terra natal inclusive. Nada disso desviou o herói da determinação de voltar para casa, mesmo que isso significasse envelhecer e morrer como um homem comum. Ulisses, escreve o filósofo, nos ensina que a principal (e nada simples) tarefa de todos nós é encontrar nosso lugar no mundo: “A vida boa é a vida reconciliada com o que ela é, a vida em harmonia com o seu lugar natural na ordem cósmica, cabendo a cada um encontrar esse lugar e cumprir esse percurso, se quiser chegar um dia à sabedoria e à serenidade”. Viajar é bom, mas voltar para casa é sempre melhor ainda.

17 de jan. de 2010

Boa Novas

As coisas vão e vem, mais vão, vão por que é no passado seu lugar, pois o futuro é no próximo segundo, não quero me prender as coisas que não me fizeram saudavel, as coléras que fiquem no seus lugares, a mim somente as boas novas, quero emitir luz, paz e amor, por toda a minha existência. Pois tudo aqui e agora, é uma escola de simplicidade e generosidade, sejamos o que devemos ser em harmonia com o cosmio, destruir o passado seria aceitar a necessidade da mudança, seja ela interior ou não. Portanto, AME.

12 de jan. de 2010

Sentir.

O tempo imponha em não apagar as lembranças da menti, uma forma desigual, que vive em cada segundo, e que nos próximos minutos, se tornarão em lágrimas insistentes pelo rosto, o perfume toma conta do meu quarto, as lembranças no lençol, são como o agora, teu abraço ou sua inquietude de menina travessa, meus sonhos ainda são sonhos, e nada, e nada que existe possa inspirar-me em te esquecer, o guarda-chuva, a porta do carro, o telefonema, o e-mail, tudo está muito vivo no dia a dia, nossa intimidade, nada será como ela um dia, nem o lugar na mesa, pode ser ocupado ou substituído, você ainda está lá, aqui e dentro de mim, meu amor por tempo ainda ama.
As noites, tem gosto de saudade, de solidão, algo que não me conforta, apenas respeitando sua escolha de partir pra longe, muitas vezes, pensamos que não sejamos felizes aqui, escolhendo partir da vida e dos sonhos, nem sempre desejamos, ou desejamos por vez, o sentido do coração está quase sempre expelido por uma razão débil, injusta e desumana, ao qual não deveríamos dar ouvidos, pois vamos sofrer logo adiante quando a realidade bater em nossa cara, pagamos qualquer preço, pra ter tudo de volta, mais não podemos, tudo era, agora os carinhos estão apenas no passado, não são mais presente, pois o presente agora é a dor, saudade e abandono, os tempos, as coisas vão mudando, mais a única coisa que deveria mudar é o amor, por que esse sentimento dão sofrido, insiste em ficar, se tudo se foi embora, por que amar quem se faz ausente por escolha alheia, a despedida foi sofrida e injusta, forçada como as caçadas pelos escravos que são separados de suas famílias, foi assim que me fugia pelos dedos, uma impunidade ainda vive nos olhares do horizonte que um dia, será palco dos tributos, Deus, somente ele, tem um propósito, se foi assim, devo me resignar perante ele, aceitar com sabedoria, pois tenho meu dever exposto aos olhos, agora o tempo, mais uma vez vem ele, provar que o inerente persiste no abuso da invocada forma desumana preposta pelas maluquices do proteger familiar.

Ditados de Lucius.

9 de jan. de 2010