31 de jan. de 2010

Fazer Amor. CDPM

Fazer amor é pisar na eternidade, fazer amor é fazer coisa séria demais, não basta um corpo e outro corpo, misturados em um desejo insosso desses que dão feito fome trivial, nascida da gula descuidada, aplacada sem zelo, sem compostura, sem respeito, atendendo exclusivamente a voracidade do apetite.
Fazer amor é percorrer as trilhas da alma, desvendando véus, descobrindo profundezas, penetrando nos escondidos, sem presa com delicadeza, porque alma tem tessitura de cristal, deve ser tocada nas levezas, apalpadas com amaciamentos, até que o corpo descubra cada uma de suas funções.
Quando a descoberta acontece é que o ato de amor começa, as mãos deslizam sobre as curvas, como se tocando nuvens, a boca vai acordando e retirando gostos, provando os sabores, bebendo as seivas que jorra das nascentes escorrendo em dons, é o côncavo e o convexo em amorosa conjunção.
Fazer amor é ressurreição, é nascer de novo, no abraço que aperta sem sufocamentos, no beijo que cala a sede gritante, na escada dos degraus celestial que levam ao gozo, vale chorar, vale gemer, vale gritar, porque ai já se chegou ao paraíso e qualquer som há de sair melódico e afinado, seja grave, agudo, pianinho, há de ser sempre o acorde faltante, quando amantes iniciam o milagre dos encontros.
Os corpos se ajustaram, almas matizaram, fez –se o êxtase, é o instante da paz, é a escritura da serenidade, é os amantes em assunção pisam eternidades.

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